19 Abril 2023
A humanidade trata o planeta “como uma lixeira” e está “estragando sua única casa”, admoestou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em mensagem que marcou o Dia Internacional de Desperdício Zero, lembrado em 30 de março. A cada ano, 2 bilhões de toneladas de resíduos sólidos, o equivalente a um caminhão de lixo cheio de plástico, são despejados no oceano a cada minuto.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Guterres disse que é preciso “declarar guerra ao lixo”. Consumidores, mas também empresas, devem contribuir para uma “economia circular e sem desperdício”. Diminuir o desperdício aumenta a segurança alimentar e melhora a saúde e o bem-estar humanos, além de proteger o meio ambiente, explica matéria divulgada pela ONU News. O líder mundial propõe o sistema de gerenciamento de resíduos que incentivem as pessoas a reutilizarem e reciclarem tudo, “desde garrafas plásticas até eletrônicos antigos”.
Todos os anos, a humanidade desperdiça 931 milhões de toneladas de alimentos e 14 milhões de toneladas de resíduos plásticos entram nos ecossistemas aquáticos.
Segundo a ONU, o Brasil ocupa a 10ª posição no ranking de países que mais desperdiçam comida. Na produção, os alimentos são perdidos por causa do mau planejamento, falta de infraestrutura adequada e problemas climáticos. Na distribuição e comercialização, alimentos vão para o lixo devido aos padrões exigentes de aparência e estética, além de problemas logísticos.
O Portal Mercado & Consumo traz dados do IBGE, informando que cerca de 30% dos alimentos produzidos no Brasil acabam sendo jogados fora, o equivalente a cerca de 46 milhões de toneladas por ano. O desperdício de alimentos é estimado em 61,3 bilhões de reais/ano, num país onde 33 milhões de pessoas não fazem três alimentações diárias.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), informa a colunista Letícia Piccolotto, computou que dos 140 milhões de toneladas de alimentos produzidos por ano, 26,3 milhões são desprezados. Cerca de 3% de todos os peixes pescados na Amazônia acabam no lixo por causa das más condições no transporte.
Para o representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, “o desperdício é um hábito, e hábito a gente só muda com educação e recorrência. A gente quer que as pessoas olhem para o invisível, para todo esse processo mecânico de preparo, compra, transporte, produção dos alimentos”.
Guterres classificou esse desperdício como “revoltante”, uma vez que 800 milhões de pessoas passam fome no mundo.